sábado, 30 de outubro de 2010

E quando

E quando a gente passa por coisas que não tem explicação? pelo menos, não aparentemente.
E quando as pessoas que encontramos se tornam parte da gente? é como se botassem dentro de nós, um pedacinho delas ...
E quando aquela parte do outro não se desfaz?
Fica tudo meio subentendido, tudo pela metade.
O filme que a gente não consegue terminar, a festa que a gente não consegue dançar, as pessoas que a gente não consegue olhar. O cheiro que fica na nossa cama, o travesseiro que sofre apertado, o aperto. o abraço.
E quando parece que nada contribui?
E quando a gente pensa que já temos todas as respostas?
aí jogamos a responsabilidade no tempo, deixa que ele cure tudo.
Na verdade o tempo não cura nada, ele só muda o foco das nossas dores.
E quando a gente fala em maturidade, se julga esclarecido,diz que existem outras prioridades, mas sabe que é tudo mentira? Mentir pra si mesmo, que farsa, que triste.
E quando a gente foge por não conseguir encarar a realidade? criamos um refúgio, seja ele qual for, uma realidade de faz-de-conta, tenta viver assim, mas
Uma hora a realidade, a realidade de verdade,  bate na porta, dá um soco na cara
e aí?
...aí a gente chora.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Queridos estranhos.

  Era uma tarde linda, talvez o vento forte pertubesse os outros, mas á mim aquele vento tornava o dia ainda mais perfeito e inspirador, a primeira segunda-feira da primavera. O ar, o cheiro...ah, o cheiro de um novo tempo.
  Estava eu á observar os tristes passageiros do metrô, quando uma senhora, com o cabelo cortado feito um cogumelo desbastado. sentou-se em frente á mim. Ela tinha um olhar estático, um ar duro, fitei-a por alguns instantes e me perguntei se algum dia na vida aquela mulher havia sorrido. Disfarcei, não queria que ela percebesse que alguém no mundo, naquele dado momento, intrigava-se com a sua estanha existência.
  A próxima estação se anunciava, e com ela, dois caras sentaram-se perto da sra cogumelo desbastado, um deles era um tigre qualquer, o outro também, porém me chamou a atenção. Sua camisa do Grêmio impondo o azul berrante combinava com as sandálias crocs azul calcinha. Que horror, detesto as crocs, fitei aquele ser e pensei 'que bossal'.
  Depois dos caras, um homem parecido com o Tom Hanks sentou-se no lugar da sra cogumelo, que saiu do trem sem que eu tivesse percebido, aquele homem me intrigou mais ainda, me fitava de uma forma estranha, parecia triste mas sorria pra mim. Fiquei imaginando o que estaria ele pensando á meu respeito, qual a impressão que eu causava á ele e á todo o resto dos passageiros naquele dia tão inspirador.
  Aliás, ainda não descobri o motivo de tamanha inspiração, talvez a esperança, o amor, a fuga, sei lá.
  Gosto de observar as faces e as expressões dos meus queridos desconhecidos, pessoas normais que pegam o metrô, o ônibus, cansados, tristes. Fico imaginando como serão suas vidas, suas iras, suas crenças e suas dores, fico imaginando o que lhes fará feliz.